Mais um trecho do livro “Uma história do povo dos Estados Unidos”, de Howard Zinn.
Os primeiros colonizadores brancos da América do Norte não conseguiram forçar os índios a trabalhar para eles. Os nativos estavam em maior número e conheciam bem aquela terra desconhecida dos europeus. Mesmo com armas superiores, os invasores não se arriscavam a iniciar um massacre.
A situação causava irritação. Edmund Morgan descreve esse estado de ânimo em seu livro “Escravidão Americana, Liberdade Americana”:
“Se você fosse um colono, consideraria sua tecnologia superior à dos índios. Teria certeza de que você é o civilizado e eles, os selvagens ... Ainda assim, sua tecnologia superior se revelou incapaz de obter grande coisa. Já os índios, mantinham-se bem, rindo de seus métodos superiores, vivendo da terra com abundância e trabalhando menos que você... E quando o seu próprio povo começou a desertar para viver com eles, aí foi demais ... Você resolveu matar os índios, torturá-los, queimou suas aldeias, queimou suas plantações. Isto provou sua superioridade, apesar de tudo. E você fez o mesmo com qualquer um de seu próprio povo que se rendesse ao modo de vida dos selvagens. Mesmo assim, você continuou sem conseguir cultivar alimento suficiente.. .”
A escravidão negra foi a resposta para este dilema dos invasores europeus. Esta era a alternativa civilizada diante da superioridade selvagem no trato com a natureza. Afinal, 50 anos antes de Colombo chegar por aqui, os portugueses já haviam levado dez escravos africanos para Lisboa. Era o começo de um negócio muito lucrativo. O início do capitalismo. Sua certidão de nascimento suja do sangue indígena e negro. Mancha que nunca cessou de aumentar.
Sérgio Domingues
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